sábado, 31 de outubro de 2009

Fábulas, Parte 04

     E, por fim, a última fábula, a mais foda de todas =D

SANGUIS: O Leão e o Camundongo

Moral para os Mestres: Tenha esperança, mesmo diante da perda de liberdade, e mantenha um compromisso com a verdade, e você controlará sua própria vida.

     Dizem que há muitos anos atrás havia um leão que vivia uma vida preocupada como rei da selva. Embora tivesse poucas responsabilidades e ninguém com quem se preocupar, ele precisava cuidar de si mesmo, pois a traição era algo comum na sua corte. Todos os animais tinham inveja dele, pois parecia que o leão tinha tudo: poder sobre os animais da selva e a liberdade para viver a voda como quisesse.

     O leão, no entanto, acreditava que tinha muito pouco: A corte que ele presidia era corrupta. Ele procurara por muito tempo pela felicidade: ele havia tiranizado outros, mas criara apenas inimigos. Ele tentara ocupar a sua mente com estudos, mas encontrara teorias insípidas. Ele tentara fazer amigos, mas eles pareciam apenas respeitar a sua posição. Ele tivera que desistir da família e amigos para encontrar o conhecimento; e quando encontrou o conhecimento, encontrou o poder; quando encontrou o poder, encontrou seus inimigos; e quando encontrou seus inimigos, eles destruíram sua família e seus amigos; ao lutar contra esses inimigos, ele descobriu uma razão para lutar, mas depois descobriu que esta razão era sombria.
     Agora, o leão estava cercado pelos conselheiros mais inteligentes da selva, mas nenhum deles era capaz de mostrar-lhe o que era a felicidade. Na realidade estes mesmos conselheiros ajudavam-no a procurar a felicidade mas ao mesmo tempo planejavam matá-lo. O leão, que era antigamente estava convencido de que encontraria aquilo que procurava, não estava mais tão certo.
     Um dia, no calor do meio dia, enquanto seus conselheiros estavam dormindo, o leão passeava pelo jardim quando encontrou um camundongo.
     - Bom dia pequeno camundongo - disse o leão. - Como você entrou nos jardins reais?
     - Desculpe, Majestade, mas eu tive que entras às escondidas para encontrá-lo. - Respondeu o camundongo.
     - Para encontrar-me? - O leão riu - Você não sabe que estes jardins são privativos? Eu poderia mandar matá-lo.
     O pequeno e corajoso camundongo respondeu: - Oh, por favor, ouça o que tenho a dizer. Eu procurei por Vossa Majestade em todos os lugares, e eu imploro para que me deixe falar.
     O leão, que não pretendia matar o camundongo, estava admirado com a coragem do pequeno. - Fale, - ele disse.
     - Obrigado, Majestade. - Ele disse, curvando-se. - Veja, eu procurei a Resposta em todos os lugares; eu viajei de cidade em cidade, mas ainda não encontrei aquilo que eu procurava. Contudo, disseram-me que o senhor era inteligente e sábio. Eu ousei ter esperanças que o senhor pudesse guiar-me à Cidade que procuro.
     - Que Cidade é essa? - Perguntou o leão.
    - Ora, a Cidade que tem a Resposta, Vossa Majestade. - Respondeu o camundongo.
     - A resposta para o quê, camundongo? - Questionou o leão.
     O camundongo respondeu: - Para a vida, Senhor.
     O leão riu, entretendo-se amargamente. Ele disse: - A vida é apenas uma série de fracassos, cada um mais irremediável que o outro. Essa é a sua resposta.
     - Perdoe-me, Vossa Majestade, mas o senhor está errado. Apenas aqueles sem esperança diriam tal besteira. eu tenho certeza que existe uma Resposta, e eu pretendo encontrar a Cidade que a possui.

     A franqueza do camundongo surpreendeu momentaneamente o leão, que estava acostumado às bajulações falsas da corte. Ele disse: - Camundongo, você está certo. Eu tenho certeza de que há uma resposta. Eu hesito em responsabilizar-me por mostrar-lhe o caminho, mas você me deu confiança no nosso sucesso eventual.
     O camundongo perguntou: - Então você irá mostrar o caminho?
     - Eu irei, se puder. -
Disse o leão.
     Anos mais tarde, o leão, lembrando-se das suas aventuras com o camundongo, relembrou-se de sua partida sombria. Atravessando grandes distâncias pelo reino do leão, o camundongo não havia encontrado sua Cidade. Finalmente, ele teve que dizer adeus ao leão, que estava mal-humorado e triste.
     O leão disse: - Sinto muito que você tenha que ir, camundongo. Eu sei que há uma Cidade escondida em algum lugar deste reino, e eu estou determinado a encontrá-la. Sinto muito que você não a tenha encontrado.
     - Vossa Majestade,
- respondeu o camundongo, - Já estamos procurando há muitos meses, e eu estou cansado. Tenho saudades de meu lar.
     - Então procure seu lar, camundongo. Algum dia você voltará aqui e continuará nossa busca.

     - E você vai voltar à Corte? - Perguntou o camundongo.
     - Corte? Não, pelo amor de Deus, camundongo. A Corte é uma distração para a minha busca. Eu nunca controlei tanto a minha vida quanto agora. E pretendo continuar neste caminho.
     - Você não sente falta da sua liberdade?
     O leão sábio respondeu: - Liberdade? Aquilo não era liberdade, amigo; aqueles anos eram uma rede prendendo-me à pena que eu sentia de mim mesmo. Você me mostrou a liberdade: sua esperança me deu asas, e minha responsabilidade com você era o vento que nos levantou.

2 comentários:

  1. Eh realmente ... mas liberdade eh uma quetão de ponto de vista =)

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  2. Parece que sim, mas aí é que está a beleza da parada... Liberdade é poder fazer o que se quer, saber das consequências, e aceitar mesmo assim... Não a esmo, como as pessoas acham... Não existe liberdade sem responsabilidade, não há esse lance totalmente ideal e anárquico ;p Mas, isso é apenas a minha opinião de merda ;p

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