domingo, 4 de outubro de 2009

Fábulas, Parte 02

     Bem, continuando o Post anterior sobre as estórias, cá estamos com mais uma ^^

MELANCOLIA: O Peixe e a Lagoa

Moral: Tome cuidado com três coisas: Seu poder recém descoberto, seus inimigos que saibam usar isso contra você e, acima de tudo, você mesmo quando descobrir que não conseguirá superar nenhum dos dois.

     Era uma vez uma lagoa cujas profundas águas desaguavam no mar, onde vivia um peixe que podia nadar mais rápido, mais longe e por mais tempo do que qualquer um de seus companheiros de cardume. O peixe se gabava muito de suas habilidades para a família e amigos, até que todos ficaram cansados de sua ostentação. Seus companheiros de cardume, que ele havia humilhado demais, queriam matá-lo, mas não ousavam fazê-lo diante de todos os outros peixes da lagoa.

     Porém um dia, um dos companheiros de cardume do peixe disse: – Irmão, não acreditamos que você possa chegar antes de nós até o outro lado da lagoa. Queremos que você nos prove isto.

     O peixe disse: – Eu já cheguei ao outro lado da lagoa e voltei antes de todos vocês muitas vezes. Por que eu deveria tentar de novo quando sei que vou ganhar?

     Os companheiros de cardume, que já haviam antecipado sua resposta, replicaram: – Você está certo. Você é um nadador melhor que todos nós combinados. Talvez devêssemos mudar o jogo.

     – Oh? – Disse o peixe – E como vocês acham que o jogo deve ser mudado?

     Um dos companheiros de cardume do peixe respondeu, – Está vendo aquela mosca no junco, bem acima da água?

     - Sim… – Disse o peixe, vendo uma mancha preta indefinida muito acima da superfície da água.

     - Um de nós irá saltar da água e pegar a mosca. Para vencê-lo, você precisa saltar a mesma altura ou mais alto.

     O peixe, que nunca tinha sido vencido pelos seus companheiros de cardume desta maneira, concordou. Seu competidor, que iria primeiro, nadou até o fundo da lagoa e lançou-se para cima, cada vez mais rápido e passou pelos outros peixes que haviam se juntado ao redor para observar. E com precisão, o companheiro de cardume do peixe saltou da superfície da lagoa, pegou a mosca em sua boca e então mergulhou novamente na água gelada.

     O peixe estava surpreso e invejoso. Com todo o poder que podia juntar, ele nadou para cima, passando pelos observadores e pulou para o ar aquecido. Ele navegava cada vez mais para cima, rumo ao sol quente do verão. Pensando que havia passado o topo do junco, ele agitou sua cauda e virou-se em direção à água.

     - Eu mostrarei aos meus companheiros de cardume quem é o melhor nadador da lagoa, e eles nunca vão querer competir de novo! – Pensou o peixe.

     Mas, ao invés de cair na água gelada como pensou, o peixe caiu no solo firme, na margem da lagoa. Incapaz de respirar, o peixe debatia-se, tentando se jogar outra vez para dentro d’água.

     - Ajudem-me! – gritou o peixe desesperadamente. Ele se debateu mais um pouco, mas nenhuma ajuda chegava. Logo, a visão sombria da morte o dominou, e ele repousou no solo quente, cansado e pronto pra morrer.

     Depois de esperar um pouco, seus companheiros de cardume juntaram-se na água ao redor da margem. Eles suspeitaram que o peixe saltaria tão longe e tão alto que cairia na margem, e se regogizaram, – Desculpe, mas você provou que nenhum de nós aqui é tão forte ou rápido o suficiente para salvá-lo. Mas pelo menos você venceu.

     O peixe se esforçou mais uma vez, mas sem esperanças, e logo morreu na margem da lagoa.

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