sábado, 31 de outubro de 2009

“Oh Hidra, pq te finges de morta, ó ser maldito…”

     “E com um arco preciso, o nosso herói corta a sexta cabeça, a que possuía uma gema rubra incrustada, e o ser tomba, os olhos nas cabeças remanescentes já sem o brilho da vida…

     - Já era sem tempo, monstro maldito! – Esbraveja cansado o herói. Pega o seu escudo jogado ao chão, culpa de um golpe poderoso da besta, e vai indo para fora do pântano. – Passei tempo demais aqui, preciso de um banho… – Reclama o herói com os seus botões…

     Mas, ao sair do charco, ouve um silvo familiar demais, e usa sua espada no último segundo para desviar a investida furiosa de um chicote negro, que derruba uma árvore próxima como se fosse de papel…

     - Mas que diabos é isso?! – Diz o herói virando-se, já sabendo o que vai ver… – Maldito feiticeiro, me falou da cabeça errada… – Suspira o nosso herói, defrontando-se de uma Hidra totalmente restaurada, suas dez cabeças imponentes, e a maldita cabeça com a gema rubra, mais viva do que nunca, emitindo silvos que mais pareciam risos zombeteiros, como se apontando o erro de nosso herói…

     -Já vi que vou ter mais um pouco de trabalho… – Vai dizendo o guerreiro enquanto coloca seu escudo nas costas, e puxa seu par de espadas, que estavam embainhadas… – Vamos monstro, vamos ver agora quem tombará!

Hydra fight by ~demhar (Desenho de ~demhar)

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     E blábláblá… Cara, era preu ter escrito isso há mais de uma semana, mas devido a minha preguiça, zilhões de coisas pra fazer, e todo os argumentos que eu posso arrumar pra justificar a minha procastinação, mas o título já pode me ajudar… E por isso mesmo não preciso falar mais nada…

     Essa semana foi boa, estudei, retomei o francês (nossa, fiz exercícios pra cacete xD), e estou retomando as coisas que eu estou querendo fazer com mais calma… Brigas, aparente distanciamento, e todos os problemas da interação social com a casta dos humanos foram talvez notados pelos meus pares (em particular pela minha senhora única leitora, eu acho =D), e agradeço a provável preocupação dada a este que vos fala… Bem, parece que dessa vez foi! \o/

     No mais, teve o último post das fábulas, que eu terminei uns dias, mas fiquei com preguiça de postar, e espero poder atualizar o fotolog ainda hoje…

     See ya at the next savepoint!

Aurélio

Fábulas, Parte 04

     E, por fim, a última fábula, a mais foda de todas =D

SANGUIS: O Leão e o Camundongo

Moral para os Mestres: Tenha esperança, mesmo diante da perda de liberdade, e mantenha um compromisso com a verdade, e você controlará sua própria vida.

     Dizem que há muitos anos atrás havia um leão que vivia uma vida preocupada como rei da selva. Embora tivesse poucas responsabilidades e ninguém com quem se preocupar, ele precisava cuidar de si mesmo, pois a traição era algo comum na sua corte. Todos os animais tinham inveja dele, pois parecia que o leão tinha tudo: poder sobre os animais da selva e a liberdade para viver a voda como quisesse.

     O leão, no entanto, acreditava que tinha muito pouco: A corte que ele presidia era corrupta. Ele procurara por muito tempo pela felicidade: ele havia tiranizado outros, mas criara apenas inimigos. Ele tentara ocupar a sua mente com estudos, mas encontrara teorias insípidas. Ele tentara fazer amigos, mas eles pareciam apenas respeitar a sua posição. Ele tivera que desistir da família e amigos para encontrar o conhecimento; e quando encontrou o conhecimento, encontrou o poder; quando encontrou o poder, encontrou seus inimigos; e quando encontrou seus inimigos, eles destruíram sua família e seus amigos; ao lutar contra esses inimigos, ele descobriu uma razão para lutar, mas depois descobriu que esta razão era sombria.
     Agora, o leão estava cercado pelos conselheiros mais inteligentes da selva, mas nenhum deles era capaz de mostrar-lhe o que era a felicidade. Na realidade estes mesmos conselheiros ajudavam-no a procurar a felicidade mas ao mesmo tempo planejavam matá-lo. O leão, que era antigamente estava convencido de que encontraria aquilo que procurava, não estava mais tão certo.
     Um dia, no calor do meio dia, enquanto seus conselheiros estavam dormindo, o leão passeava pelo jardim quando encontrou um camundongo.
     - Bom dia pequeno camundongo - disse o leão. - Como você entrou nos jardins reais?
     - Desculpe, Majestade, mas eu tive que entras às escondidas para encontrá-lo. - Respondeu o camundongo.
     - Para encontrar-me? - O leão riu - Você não sabe que estes jardins são privativos? Eu poderia mandar matá-lo.
     O pequeno e corajoso camundongo respondeu: - Oh, por favor, ouça o que tenho a dizer. Eu procurei por Vossa Majestade em todos os lugares, e eu imploro para que me deixe falar.
     O leão, que não pretendia matar o camundongo, estava admirado com a coragem do pequeno. - Fale, - ele disse.
     - Obrigado, Majestade. - Ele disse, curvando-se. - Veja, eu procurei a Resposta em todos os lugares; eu viajei de cidade em cidade, mas ainda não encontrei aquilo que eu procurava. Contudo, disseram-me que o senhor era inteligente e sábio. Eu ousei ter esperanças que o senhor pudesse guiar-me à Cidade que procuro.
     - Que Cidade é essa? - Perguntou o leão.
    - Ora, a Cidade que tem a Resposta, Vossa Majestade. - Respondeu o camundongo.
     - A resposta para o quê, camundongo? - Questionou o leão.
     O camundongo respondeu: - Para a vida, Senhor.
     O leão riu, entretendo-se amargamente. Ele disse: - A vida é apenas uma série de fracassos, cada um mais irremediável que o outro. Essa é a sua resposta.
     - Perdoe-me, Vossa Majestade, mas o senhor está errado. Apenas aqueles sem esperança diriam tal besteira. eu tenho certeza que existe uma Resposta, e eu pretendo encontrar a Cidade que a possui.

     A franqueza do camundongo surpreendeu momentaneamente o leão, que estava acostumado às bajulações falsas da corte. Ele disse: - Camundongo, você está certo. Eu tenho certeza de que há uma resposta. Eu hesito em responsabilizar-me por mostrar-lhe o caminho, mas você me deu confiança no nosso sucesso eventual.
     O camundongo perguntou: - Então você irá mostrar o caminho?
     - Eu irei, se puder. -
Disse o leão.
     Anos mais tarde, o leão, lembrando-se das suas aventuras com o camundongo, relembrou-se de sua partida sombria. Atravessando grandes distâncias pelo reino do leão, o camundongo não havia encontrado sua Cidade. Finalmente, ele teve que dizer adeus ao leão, que estava mal-humorado e triste.
     O leão disse: - Sinto muito que você tenha que ir, camundongo. Eu sei que há uma Cidade escondida em algum lugar deste reino, e eu estou determinado a encontrá-la. Sinto muito que você não a tenha encontrado.
     - Vossa Majestade,
- respondeu o camundongo, - Já estamos procurando há muitos meses, e eu estou cansado. Tenho saudades de meu lar.
     - Então procure seu lar, camundongo. Algum dia você voltará aqui e continuará nossa busca.

     - E você vai voltar à Corte? - Perguntou o camundongo.
     - Corte? Não, pelo amor de Deus, camundongo. A Corte é uma distração para a minha busca. Eu nunca controlei tanto a minha vida quanto agora. E pretendo continuar neste caminho.
     - Você não sente falta da sua liberdade?
     O leão sábio respondeu: - Liberdade? Aquilo não era liberdade, amigo; aqueles anos eram uma rede prendendo-me à pena que eu sentia de mim mesmo. Você me mostrou a liberdade: sua esperança me deu asas, e minha responsabilidade com você era o vento que nos levantou.

sábado, 10 de outubro de 2009

Fábulas, Parte 03

E agora, a terceira da série, o easter egg referido no post anterior… E uma das minhas favoritas também =D

APATIA: A Tartaruga e seu Casco

Moral para os Iniciados: A preocupação o torna mais vulnerável a golpes poderosos, mas também dá uma razão para sua vida.

     Numa certa manhã, antes que clareasse, uma coruja velha e sábia descansava num canto perto da lagoa, pensando ser este um bom lugar para dormir durante o dia. Mais abaixo, ela percebeu que uma jovem tartaruga estava deitada no solo e coberta por folhas. Primeiro, a coruja pensou que a tartaruga estivesse dormindo, pois ela não se mexia nem um pouco. Mas então ela se perguntou por que a tartaruga não recolhia seus membros para a segurança do seu casco durante a noite.

     – Talvez a tartaruga esteja apenas descansando, – pensou a velha coruja. Então, alguns minutos mais tarde, – E se a tartaruga estiver doente? E se a tartaruga estiver morta? – A coruja não podia mais ignorar a tartaruga, e então voou até o chão ao lado dela.

     – Tartaruga, você está dormindo? – Perguntou a coruja.

     A tartaruga levantou lentamente a sua cabeça pra olhar a coruja. – Não, – ela respondeu.

     A coruja curvou-se para ver o rosto da tartaruga. – Você está doente?

     – Então, pelo amor de Deus, o que há de errado? – Perguntou a coruja.

     A tartaruga, indiferente, repousou a cabeça lentamente sobre o solo. – Por que você se preocuparia?

     – Porque sou sua vizinha. – A coruja bateu o pé. – O que há de errado?

     Olhando para a lagoa, que estava começando a congelar com o toque gelado do outono, a tartaruga respondeu, – Se você quer saber coruja, eu lhe direi. A cobra é uma inimiga poderosa, que matou toda a minha família e meus amigos. Eu sou a única tartaruga que resta nesta lagoa.

     A coruja ficou surpresa. – E por que você fica aí exposta para a cobra se ela é tão perigosa? – Ela perguntou.

     A tartaruga bufou. – Porque eu não me importo se ela me matar… Eu não tenho mais motivos pra viver.

     – Lógico que tem, – a coruja a encorajou. – Você precisa lutar para ajudar a lagoa, livrando-se da cobra. Você precisa se lembrar dos seus amigos e familiares que morreram.

     – Mas como eu farei isso se eu não quero mais viver? – Disse a tartaruga.

     A coruja pensou por um momento, e então respondeu: – Eu conheço uma maneira, mas você precisa confiar em mim.

     A tartaruga bocejou, – Faça o que quiser. Eu não ligo.

     A coruja disse, – Então eu preciso que você saia do seu casco.

     A tartaruga pestanejou. – Para fora do meu casco? Por quê?

     – Ah tartaruga, – disse a coruja – você se preocupa com o que acontecerá com o seu refúgio? Não se preocupe… Eu quero só carregá-la sobre a lagoa para que você possa ver onde a cobra está.

     A tartaruga considerou a proposta da coruja, e então emergiu lentamente do conforto de seu casco para o ar gélido da manhã. – É bom que encontremos a cobra, – avisou a tartaruga.

     – Não se preocupe, – disse a coruja velha e sábia – você vai encontrar o seu inimigo logo, logo… – Com isso, ela pegou a tartaruga com as suas garras e decolou. Lentamente, ela bateu as suas grandes asas brancas e levantou ambos acima das árvores e da lagoa. À medida que subiam, o sol nascia e o ar ficava mais quente.

     A tartaruga olhava para baixo, para a pequena lagoa e seu casco ainda menor, abandonado, muito longe de si, e repentinamente sentiu-se livre de um grande peso. – Coruja, – disse ela – como eu poderei agradecê-la?

     A coruja sábia respondeu: – Viva como uma coruja, sem uma casca, pois aí você irá permanecer forte, independente e livre dos seus fardos terrenos. Em segundo lugar, busque seus propósitos, pois neste caso você terá uma razão para permanecer deste jeito.

     A coruja desceu das alturas e e colocou a tartaruga de volta no chão. Ela perguntou: – Você encontrou seu inimigo?

     Então a tartaruga percebeu que a vista era tão bonita que ela se esquecera de procurar pela cobra. – Na verdade, – ela disse – a única coisa além da lagoa e das árvores que eu lembro ter visto foi o meu casco.

     – Então, – a coruja velha e sábia disse – você encontrou seu inimigo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Não se constrói um castelo sem antes destruir o anterior

     Título pomposo esse, não? Eu estou enrolando esses dias pra escrever, e vou me desculpar, e larilari (imaginem outra ladainha deste que vos fala, falando sobre zilhões de motivos pra não ter atualizado o blog… Na realidade sei que apenas a minha senhora, e única leitora =D imaginou, então beleza xD) Com isto posto, falar sobre algo que me assolou esses dias, talvez tecendo comentários paralelos.

     Estes dias, eu cansei. Não de ficar cansadinho, dias exaustivos, e tal… Cansei, mandei tudo à minha volta às favas… Bem, não exatamente tudo (mow não vai nem por decreto \o/), mas sabe aquele sentimento de que você não deveria ter acordado naquele dia, que eu chamo de depressão? Pois é, eu estava inteirando um mês nisso, o o crítico dessa situação foram essa última semana e meia… Encurtando bastante o assunto, foi um misto de desânimo acadêmico + familiar + emocional + x-salada e toda a parafernália associada; eu tava mal pra caralho mesmo /o\

     “Mas sim, e daí Marco Aurélio, o que o cú tem a ver com as calças?” Beleza, fim do poço, ai vou euuuuu… Bem, na realidade eu resolvi pensar sobre a minha vida mais uma vez, no meio desse caminho, e jogar um pouco com a sorte (aka olhar o Arte da Prudência, pensar um pouco, ler uns livros de Rpg, pensar mais um pouco, ler uns livros de Física, pensar pra caralho, e provavelmente achar uma solução, regada a música pra cacete xD) Bem, quanto ao Baltazar, ele retornou isso (são os aforismos 57 e 58, da versão da  Martin Claret)

Ponderação traz segurança, e Saber dosar.

     Simples, não? O primeiro fala sobre pensar nas coisas, faze-las na sua velocidade, que vai ter frutos, e o outro diz em que intensidade fazer isso… Claro que têm outras coisas associadas aí, é legal ficar pensando nisso ^^ E é aí que chegamos ao título do post: Para poder entrar numa cadeia, é preciso quebrar a antiga… Pode ser de maneira bruta, cavala mesmo, que nem as grandes revoltas, ou pode ser fluido, calmo… Independente do método escolhido, o importante é quebrar a cadeia, provavelmente com um marco (não eu xD) associado… Pode ser uma coisa boba, (que de bobo não tem nada, pq parece que são as mais importantes ;p) como desmontar um avião de lego que vc montou, ou cortar o cabelo, ou até mesmo querer jogar Zelda no fim de semana… Ou dar um format c: na sua vida, dá no mesmo praticamente… E daí pegar o bonde andando, e quando vc menos ver, voilá! Você estará com a vida que vc quer, e vai se passar por isso… Que venham as ondas, que os maremotos, furações, todas as coisas resolvam lhe molestar ao mesmo tempo… Dane-se, pq vc é mais forte que o Trovão, mais inabalável que as Leis Físicas… Se é o que quer, e esse é $o caminho para tal coisa, sua empresa vai ser alcançada, mesmo se a realidade fizer frente… Tolerância Zero, pegue seu anel de Lanterna Negro, sua espada e seu cavalo, e rideeeeeeee \o/

     Mas falando sério agora (foi mal, me empolguei xD), o processo é basicamente esse:

- Mergulhar dentro de si, e identificar o problema, e também o que vc quer (pode não parecer, mas as vezes o problema é o que vc quer);

- Destruir o problema, e repensar sobre os seus objetivos;

- Traçar planos que conectem você hoje ao vc com suas metas alcancadas. Posto de outra maneira, “Como vou conseguir o que eu quero?” Lembrar que sempre existem várias maneiras de ligar dois pontos…

- Take your flame sword, iron shield, seal the horse, and go for it!

     Terrivelmente simples, nao? Claro que é, como toda a vida… Mas ao mesmo tempo, terrivelmente complicado, pq os obstaculos parecem grandes, rotas longas, objetivos supérfluos… O segredo é não desanimar, reavaliar as coisas quando parecem realmente complicadas, e perserverar… E lembrar que, mesmo após uma batalha, vc precisa descansar, seu cavalo beber uma água, sua espada ser amolada… A pedra sempre é pequena pra se tropecar, nao há ninguem alto demais que nao possa cair, e sempre há um casco pra nos atrapalhar… Mas, se isso fosse sempre fácil, qual seria a graça da vida? ^^

     E sim, pra finalizar, pq caralho, falei coisa pra porra…

Eu já destruí meu castelo, matei minha Hidra, e indo atrás de outras pelejas… E você, o que fez hoje?

See ya at the Next Savepoint \o/

Aurélio

Ps.: Bem, parece direcionado pra cacete, não? (É, estou falando procê também menininha xD) Mas não é, são apenas reflexões mesmo; Sinta-se à vontade pra discordar =) Pensando agora, poderia ter sido um texto mais calmo, mais elaborado… Mas resolvi escrever assim, só pelo fato de ser sexta… E tem um easter egg também nesse texto… Mas vai aparecer amanhã, ou na segunda =D

domingo, 4 de outubro de 2009

Fábulas, Parte 02

     Bem, continuando o Post anterior sobre as estórias, cá estamos com mais uma ^^

MELANCOLIA: O Peixe e a Lagoa

Moral: Tome cuidado com três coisas: Seu poder recém descoberto, seus inimigos que saibam usar isso contra você e, acima de tudo, você mesmo quando descobrir que não conseguirá superar nenhum dos dois.

     Era uma vez uma lagoa cujas profundas águas desaguavam no mar, onde vivia um peixe que podia nadar mais rápido, mais longe e por mais tempo do que qualquer um de seus companheiros de cardume. O peixe se gabava muito de suas habilidades para a família e amigos, até que todos ficaram cansados de sua ostentação. Seus companheiros de cardume, que ele havia humilhado demais, queriam matá-lo, mas não ousavam fazê-lo diante de todos os outros peixes da lagoa.

     Porém um dia, um dos companheiros de cardume do peixe disse: – Irmão, não acreditamos que você possa chegar antes de nós até o outro lado da lagoa. Queremos que você nos prove isto.

     O peixe disse: – Eu já cheguei ao outro lado da lagoa e voltei antes de todos vocês muitas vezes. Por que eu deveria tentar de novo quando sei que vou ganhar?

     Os companheiros de cardume, que já haviam antecipado sua resposta, replicaram: – Você está certo. Você é um nadador melhor que todos nós combinados. Talvez devêssemos mudar o jogo.

     – Oh? – Disse o peixe – E como vocês acham que o jogo deve ser mudado?

     Um dos companheiros de cardume do peixe respondeu, – Está vendo aquela mosca no junco, bem acima da água?

     - Sim… – Disse o peixe, vendo uma mancha preta indefinida muito acima da superfície da água.

     - Um de nós irá saltar da água e pegar a mosca. Para vencê-lo, você precisa saltar a mesma altura ou mais alto.

     O peixe, que nunca tinha sido vencido pelos seus companheiros de cardume desta maneira, concordou. Seu competidor, que iria primeiro, nadou até o fundo da lagoa e lançou-se para cima, cada vez mais rápido e passou pelos outros peixes que haviam se juntado ao redor para observar. E com precisão, o companheiro de cardume do peixe saltou da superfície da lagoa, pegou a mosca em sua boca e então mergulhou novamente na água gelada.

     O peixe estava surpreso e invejoso. Com todo o poder que podia juntar, ele nadou para cima, passando pelos observadores e pulou para o ar aquecido. Ele navegava cada vez mais para cima, rumo ao sol quente do verão. Pensando que havia passado o topo do junco, ele agitou sua cauda e virou-se em direção à água.

     - Eu mostrarei aos meus companheiros de cardume quem é o melhor nadador da lagoa, e eles nunca vão querer competir de novo! – Pensou o peixe.

     Mas, ao invés de cair na água gelada como pensou, o peixe caiu no solo firme, na margem da lagoa. Incapaz de respirar, o peixe debatia-se, tentando se jogar outra vez para dentro d’água.

     - Ajudem-me! – gritou o peixe desesperadamente. Ele se debateu mais um pouco, mas nenhuma ajuda chegava. Logo, a visão sombria da morte o dominou, e ele repousou no solo quente, cansado e pronto pra morrer.

     Depois de esperar um pouco, seus companheiros de cardume juntaram-se na água ao redor da margem. Eles suspeitaram que o peixe saltaria tão longe e tão alto que cairia na margem, e se regogizaram, – Desculpe, mas você provou que nenhum de nós aqui é tão forte ou rápido o suficiente para salvá-lo. Mas pelo menos você venceu.

     O peixe se esforçou mais uma vez, mas sem esperanças, e logo morreu na margem da lagoa.