Pois é, eu sou um vilão. Aquele dos clássicos, com várias motivações por trás, cheio de planos intrincados, estratagemas elaborados, todos com o intuito não de lascar com tudo, mas de trazer coisas boas a todos. Pois é, nós vilões somos pessoas boas, afinal. E sofremos com isso, pois aparentemente idéias só fazem sentido quando elas são aceitas pelas pessoas, não quando elas são proferidas pelo seu autor. É difícil para a pessoa comum entender que aquela espadada que está sendo desferida em seu corpo, que aquela execução de criminosos em praça pública, faz parte de um plano maior, tudo para o bem maior. Por causa dessa dificuldade muitas vezes sou descrito como um ser desalmado, injustamente comparado com aqueles que azedam o leite quando passam, causam pesadelos em crianças, aqueles facínoras que assassinam sem sentido as pessoas. Pois é, eu sou um ser temido pelo meu povo! E infelizmente por causa dessa mesma confusão que apóiam tanto o herói, aquele zé-ninguém cuja aparição é vaticinada por um mendigo pé-rapado, que faz a vez de oráculo, e as vezes de curandeiro da vila, e que de maneira completamente egoísta (sim, egoísta! Sempre me ensinaram que destino, vaidade e ganho pessoal são coisas altamente egoístas para se adorar…) decide acabar com o meu domínio sobre os nossos queridos concidadãos. Não veem que sou um vilão clássico? Céus, eu espero o herói se apresentar, e conto os meus planos antes de destruir o herói já combalido da luta – muitas vezes épica – que travamos, a mesma que viram, nos instrumentos dos bardos, gloriosos hinos de exaltação à coragem dele, bravo guerreiro que sucumbiu ante ao mal primordial, à tirania sem fim dos malignos… Viram como sou homenageado? Sou lembrado como o filho da puta desgraçado que domina o seu reino com mão de ferro, à custa da felicidade da população…
Mas quer saber? Cansei dessa palhaçada. Se o que vocês querem um demente destruidor de vilas, aquele idiota que queima vilas só pela diversão de ver pessoas queimando, a gritaria rolando solta, beleza. Darei ao mundo o tal flagelo ao qual vocês me comparam tanto… Mas não deixarei meu ideal de lado, pois afinal, um vilão é um humanista incorrigível, o que o vilão mais quer no mundo é o bem das pessoas! Apenas deixarei de explicar meus planos, ser honrado nos confrontos, ser cortês com as princesas, deixarei de ser um… vilão. É com pesar que faço isso, mas é necessário, afinal, eu amo o meu povo, de todo o meu coração… Trarei a luz ao meu povo, nem que seja na porrada…
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See ya at the next savepoint o/
Aurélio (Tentando começar o ano, mas a piema infinita está com as unhas cravadas nas minhas costas x.x)